Olá você, tudo bem???
Há algum tempo atrás, num centésimo de segundo, me deu a louca de ser escritor. Esse "sonho" acabou na segunda páginado Word.
Deste vasto arquivo, surgiu um único conto, que está abaixo. Quero saber a opinião de vocês, ok?
O Conto do Tráfico de Orgãos
Jonas abriu os olhos bruscamente. A pele do corpo nu brilhando pelo suor, refletia as luzes fluorescentes do teto.
- Ahhhnnn.... – a garganta seca, doendo horrivelmente.
“Onde estou? O que aconteceu?”
Jonas tentou, pela primeira vez desde que abriu os olhos, se mover mas nada acontecia. O susto inicial tansformou-se em pavor.
- hummmmnnnaaooumm...
“Meu Deus! Que tá acontecendo?”
O garoto tentou lembrar-se da noite anterior. Noite anterior? Há quanto tempo estava ali deitado? Sua última lembrança parecia tão vaga. A baladinha. O velho emprestou o carro numa boa quando soube que o filhão tinha convidado a Aninha pra sair.
“O carro!!! Putz, to fudido! O velho vai me matar!”
CLOP CLOP CLOP, CLANC.
A porta dupla no fundo da sala se abriu. Um homem alto, todo de branco com algo na mão entrou na sala e parou ao lado de Jonas. Os olhos azuis, frios, fixaram-se nos olhos amedrontados do rapaz.
- Caralho. – levantou um rádio-transmissor até a altura do queixo e apertou o botão “on”. – Doador do quarto 12 está acordado. Preciso de um anestesista.
“Doador? Que merda é essa?” – Pensou Jonas.
Se preocupa não, guri. Tu não vai sentir nada hehehe – disse o alto, como se soubesse o que o garoto estava pensando e saiu da sala em seguida.
Jonas, com a respiração entrecortada, tentou mover-se mais uma vez, com o pânico tomando conta de sua mente. O máximo que conseguiu foi olhar para o lado. Viu a porta dupla. Através das janelinhas redondas pode divisar uma parede branca. “CENTRO CIRÚRGICO” escrito numa plaquinha verde.
“Ufa, estou no hospital! Foi acidente mesmo!”
Puxou o ar profundamente e ao soltá-lo sentiu seus músculos relaxarem um pouco. Se estava no hospital, estava em boas mãos. Agora só restava rezar para que Aninha não tenha se machucado muito.
CLOP CLOP CLOP, CLANC!
Jonas viu a porta se abrir e o homem altão entrar acompanhado por um baixinho obeso, sem pescoço, com o rosto barbado molhado de suor, provavelmente pelo esforço ao acompanhar os passos largos do colega.
- Olha lá, Miranda. Parece um peixe de tão acordado – disse o comprido.
- Pois é, muleque forte. Achei que ele iria dormir como uma boneca quando aplicasse a primeira dose. – falou o anestesista.
CLANC!
“Ah, esse é o médico, certeza!” – pensou Jonas ao ver a figura austera vestida de azul, com máscara, touca e luvas, com as palmas voltadas para si, como se estivesse rezando numa missa católica.
- Tudo pronto?
- Quase, doutor. To reforçando a anestesia. 2 minutinhos.
O homem alto acendeu dois focos de luzes circulares que estavam presas no teto e os apontou para Jonas, obrigando-o a fechar os olhos pela ardência causada pela luz forte. Aos poucos Jonas sentiu seu corpo amolecer, leve, com uma sensação de conforto a se espalhar. Entreabriu os olhos para o lusco-fusco das luzes circulares que não incomodavam mais e depois fechou-os, sonolento. Aquela impressão de não estar acordado e nem dormindo, sonhando, ouvindo apenas os passos leves dos médicos na sala.
- Pra onde vai esse, doutor?
- O rim vai pra Itália. Pulmão e coração pra Suíça.
- E a garota que estava com ele?
- As córneas e o coração estão a caminho dos EUA.
Quem olhasse para Jonas nesse momento, não perceberia qualquer reação ante essas informações. Apenas o médico notou o grande aumento da freqüência de batimentos cardíacos do rapaz.